Relatos de Viagem Viver em Flow

A travessia do Atlântico: o olhar novo de um mundo velho

Sair do emprego, vender móveis, entregar a casa, organizar documentação, tirar visto, fazer mudança, empacotar nossas caixas de livros, distribuir nossas plantas, pesquisar roteiros, achar um Airbnb, buscar apartamentos na zoropa, ela finalizar seus trâmites de matérias, disciplinas, qualificação de doutorado, etc., etc., etc.,… Tudo ok!

Enfim tudo pronto para a viagem. Depois de meses de preparação, determinação, medo e ansiedade, estávamos prontos, embarcando para nossa jornada maior. Família entrando em colapso por ver partir seus tão queridos filhotes (bem crescidos, diga-se de passagem, mas para os pais: eternos bebês). Chegamos de Guaecá numa segunda, terça feira resolvemos as últimas coisas e terminamos a mala, quarta feira levantamos cedo, repassamos tudo de novo do que estávamos levando e saímos às 9.

Longa viagem. Saímos as 9, pegamos ônibus ás 10 até o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e nele ficamos esperando o vôo, que saiu as 16:32. Enquanto esperávamos, entre um café  e outro, não nos contínhamos em tamanha ansiedade de desbravar as aventuras que nos esperavam a frente. Tudo novo. E acontecendo, ali, bem em frente dos nossos olhos. Tudo mudou a partir do momento em que entregamos nosso bilhete do voo. Ninguém mais falava português, o ar já cheirava diferente, os rostos já não eram mais brasileiros, tudo era desconhecido. Olhares maravilhados, felizes, se divertindo com pouco, com o tamanho do avião internacional, com a estrutura estética desse mistério, com todas aquelas pessoas falando línguas diferentes… Nunca me esquecerei dessa sensação. E isso que o avião nem tinha saído do lugar ainda.

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Toda vez que vôo eu entro em transe. É como se eu me conectasse com algo muito maior do que eu, com o espírito do tempo, com o elemento do ar, com Wanderlust, não sei, mas algo acontece. Algo que eleva. No avião, foi tudo bem, voo longo (e cansativo) durante a noite e pousamos em Madri. Estava noite. Madrugada. O sobrevoo da cidade iluminada estava lindo, muitos olhando pelas janelinhas.  5 da manhã, mais ou menos. Iríamos esperar amanhecer para poder ir para o Airbnb que havíamos alugado. Só não contávamos que a Espanha desperta mais tarde. Se no Brasil o dia começa ás 7 horas (começa antes, mas o rush), lá começa as 9. Amanhece quase 9 também. Bom, para ser sincero, 8:30 da manhã parecia de madrugada ainda. Tudo vazio, luzes em parte desligada e muito frio.

Mesmo sem ter a certeza de que conseguiríamos entrar no apartamento, resolvemos pegar um taxi e ir para lá. No caminho, encantamento, em cada olhar um espanto. Quando percebo, o taxista de mau humor estava me olhando pelo retrovisor. E isso me fez perceber que eu estava com uma cara paralisada em um sorriso pândego e olhares felizes. Eu estava estasiado por estar ali, vivendo aquela experiência. Não desgrudava o olho de nada, não podia perder nada, nenhum prédio, nenhum carro. Nossa, como é um mundo diferente, a natureza, as árvores secas, o clima….

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A estética, as cores do inverno… É tudo muito mágico.

E foi assim que começou a fase prática da jornada, com muito encantamento. Nos demais dias andamos a cidade inteira (centro) e conhecemos praticamente todos os pontos super turísticos, além de ter uma overdose de procura de apartamentos para alugar. Conseguimos alugar rapidamente (demos muuuuita sorte. Não foi a gente que encontrou o lugar, foi ele que nos achou. Era pra gente!) um apartamento, mas para esperar ele liberar, alugamos mais 3 dias em outro Airbnb no centro mesmo. Ah, o centro de Madri, que coisa linda, agradável, viva, pulsante.

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Em cada esquina, fontes maravilhosas, arquiteturas incríveis, históricas. Com certeza uma arquitetura, urbanização, uma estética feita para impressionar. Você chega em uma rotatória e fica pasmo, parado, boca aberta e olhos arregalados, impressionado com a pomposidade, imponência de tudo aquilo. O mais delicioso é sair andando por tudo isso.

De alguma maneira, me parece muito similar com São Paulo em alguns pontos. Aliás, a cidade inteira. Uma São Paulo onde tudo (ou quase tudo) me parece funcionar melhor. Tem muita coisa para fazer a toda hora. Muito o que conhecer, muita história em todo lugar (como tudo na Europa).

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