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#Somos todos arte de rua: a questão do grafitti, arte e cor é muito mais em baixo

2008_mural_23_de_maio_01_copyright_lostartFonte: osgemeos.com.br

Uma assunto que está muito em destaque desde que o atual prefeito de São Paulo, João Doria, assumiu, é a questão social, cultural, artística que gira em torno da arte urbana na grande capital. Já não é de hoje que os grafiteiros são perseguidos e tratados como marginais ou trombadinhas, mas isso tem se intensificado nesses últimos tempos devido à operação “Cidade linda”, onde se prega a limpeza da cidade (diga-se de passagem, limpar não só a sujeira, mas também os pobres, tirando eles das áreas turísticas/comerciais e jogando nas perifas, tipo o que aconteceu no Rio de janeiro nos anos 20, varrendo do centro a população pobre e sua “cultura marginalizada” – na época, o samba -, obrigando-os a ir pra cima dos morros, etc. O resto da história já sabemos) e, dentre a faxina, está também apagar TODOS os grafites e arte urbana da cidade, deixando tudo cinza.

No vídeo abaixo, temos o movimento SOMOS TODOS ARTE DE RUA, que fala um pouco sobre as dificuldades que os artistas de rua enfrentam para se manterem ativos, e das repressões que sofrem. O vídeo, que retrata o quadro de Belo horizonte, serve como exemplo para o que acontece em todo o Brasil, inclusive São Paulo.

 

Há quem diga que a arte de rua traga perigos às ruas, com o aumento do crime. Quanto à criminalidade, talvez em vez de culpar os grafites, poderia ser feito algo de base e com inclusão, tipo melhor educação e visão a longo prazo. Isso só pra citar. E não ficar apontando e canalizando para um lance que é, como base, feito pela população de borda.

É Arte?

Vi nas redes sociais, muitas pessoas defendendo a iniciativa e, pelo menos no meu círculo social (Ufa!), a maioria contra. Não vou nem entrar muito no tema se grafite é arte ou não, por que para mim, isso não tem nem cabimento. Se você não tem muita ideia sobre o que é arte ou não, talvez seja interessante procurar entender mais sobre isso, existe muitas leituras acessíveis e fáceis, assim como vídeos em todos os lugares. Tá bom, mas se você que está lendo isso aqui, acha com convicção que não é arte, baseado no seu gosto pessoal e opinião, vai ver por que você não acha bonito ou concorda que são coisas de ladrões ou preguiçosos, meu filho, mais do que nunca seria legal se inteirar e ampliar um pouco sua massa intelectual. Não precisamos ler muito para perceber que arte é muito maior do que pensamos, mais sutil e potencialmente transcendental (ui!). Prefiro dizer que não tenho como afirmar o que não é arte (talvez por eu ter lido o suficiente, como estudante na área, ou talvez por eu não ter compreensão o suficiente – e ter consciência disso -, ou qualquer outra coisa), mas gosto de pensar que toda forma de expressão é arte, seja ela quando, onde e como for. Não sou eu que vou julgar.

Se você quiser ter uma ideia, ou várias ideias, opiniões e argumentos sobre o que é arte, leia um livro chamado “O que é Arte”, do Jorge Coli. Simples, prático, bom.

O problema real

Discussões sobre arte à parte, o problema mais urgente é a falta de sensibilidade e compreensão com toda uma parcela de sociedade, cultura, povo, ideia, luta pela sobrevivência contida em cada uma daquelas expressões que foram simplesmente ignoradas. Esse movimento do grafite, dentre outros, é uma forma que a alguns encontraram de se mostrarem como indivíduos em meio a uma selva de pedra, predadora e implacável, com tantas dificuldades diárias. Que eles existem e não são invisíveis, como se parece. Ali está a força da expressão, o sentimento daqueles que sofrem a repressão surda da alta classe , da meritocracia, do capitalismo, da hipocrisia; mas que também permite a integração com ela, que está aberta ao diálogo e a mistura, como bons brasileiros que são. Qualquer um pode participar, não é um lance de julgamento, mas de expressão. Mas o sentimento é algo desprezado no mundo onde dinheiro é quem dita as regras, para a high society. É simplesmente egoísmo. A cidade tem que ser como ela é. E se for para ser linda, tem que ser linda incluindo todos, não excluindo uma parte para ser bonita para outros. É necessário criarmos (perceba o nós da palavra) medidas para que todos possam participar.

Todos buscam, de alguma forma, sair do buraco que se encontram, ou só se encontrarem dentro de si mesmos, e alguns se descobrem no grafite.

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